Democracia significa que as pessoas participam das decisões mais importantes que interferem em sua vida.
Falando assim, fica evidente que as sociedades não são plenamente democráticas, pois a esmagadora maioria da população vive conforme regras e situações impostas previamente e sobre as quais não deliberaram.
Podemos considerar que há um primeiro nível de democracia, o mais superficial de todos, também o mais amplamente disseminado: a participação na escolha dos representantes que ocupam postos estatais.
Esse nível materializa-se nas eleições periódicas e, eventualmente, em mecanismos como plebiscitos e referendos. Corresponde à democracia liberal.
O segundo nível de democracia é raro e ocorre na economia. Consiste na participação das pessoas nas decisões relativas ao objeto da produção e aos critérios de distribuição.
Nesse nível econômico, a sociedade decide o que deve ser produzido, por quem, quando e para quem.
No modelo liberal, essa decisão econômica é aberta a poucos, chamados de donos de empresas, acionistas, investidores... O critério para a decisão é subjetivo, focado no lucro, embora seus impactos atinjam a vida de todos.
Há alguns anos, seus defensores argumentavam que não existia uma racionalidade pública melhor do que essa racionalidade denominada de "competitiva". Defendiam, assim, a "livre iniciativa".
O primeiro quarto de século XXI revela o esgotamento desse autoritarismo econômico e a necessidade de efetivação do segundo nível de democracia. Essa economia tem agravado as desigualdades sociais e tornado explícita a falta de meritocracia.
A grande novidade para esse aprofundamento democrático é a digitalização da economia e a disseminação dos algoritmos. Observando-se o comportamento das redes sociais, algoritmos conseguem convencer pessoas a trabalharem gratuitamente produzindo, compartilhando e curtindo conteúdos.
Haveria, portanto, a possibilidade de, socializando-se os algoritmos, construir uma democracia econômica, superando a economia de mercado. Caberia à política conduzir esse processo.
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